Cada dia torna-se mais um urgente uma discussão mais aprofundada sobre o exercício profissional do Serviço Social nas empresas. Organizado pelo CRESS-RJ, o III Seminário Estadual de Serviço Social em Empresas, realizado dia 9 de dezembro, na UERJ, só fez destacar essa urgência. O tema central do evento foi “O Serviço Social no século XXI: Atribuições, competências e desafios para as profissionais nas empresas.

     Presente na mesa de abertura do evento, o presidente do CFESS, Maurilio Castro ressalta que as formas de contratação estão cada vez mais diversificadas, e no caso da saúde, “os hospitais privados são referencia para gestores de hospitais públicos”, mesmo todos sabendo que originalmente os interesses são diversos. A diretora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, Cleier Marconsin, também compondo a mesa, sublinhou que “são várias as artimanhas do capital e as condições de trabalho estão cada vez mais sendo precarizadas” e por isso é preciso ficar cada vez mais atento. Andressa Almado, membro da comissão de empresa do Conselho, a terceira a compor a mesa de abertura, ressaltou que a comissão tem servido de fórum para discutir temas importantes para o exercício profissional, como ouvidoria e os programas de atendimento ao empregado, por exemplo. Moara Zanetti, conselheira do CRESS e coordenadora da Comissão de Serviço Social em Empresaconjuntamente com Denise Nicacio, ressalta a necessidade da categoria participar de espaços como a academia e a Comissão do CRESS para oxigenar o conhecimento e reflexão crítica.

     Foram duas mesas temáticas. A primeira tratou das atribuições e competências do Serviço Social e a defesa do Projeto Ético Político em empresas, e contou com as participações da professora Yolanda Guerra, da UFRJ, e da assistente social Aline Possas, que trabalha na Casa da Moeda. Em sua fala, Yolanda lembrou que a empresa “é um espaço que nos coloca mais desafios”. Articulando sua fala à discussão dos cargos genéricos, Yolanda ressalta o risco de “não nos reconhecermos como assistentes sociais e o movimento de desprofissionalização das profissões”. Ressaltou a necessidade de sistematização da prática e de produção teórica sobre o tema. Aline ressaltou que as mudanças no direcionamento das decisões políticas e econômicas refletem diretamente na implementação das políticas sociais, as quais assistentes sociais são chamadas a operacionalizar, o que torna ainda mais complexa a ação profissional.

    A segunda mesa temática teve como tema “O Trabalho das assistentes sociais no contexto da crise do capital: inflexões para a profissão”. Tendo como debatedor o assessor político do CRESS-RJ, Jefferson Ruiz, a mesa contou com a presença das assistentes sociais Márcia Botão e Nathalia Carlos. Márcia dissecou o que é o EAP ou PAE, serviços vendidos de forma customizada à outras empresas, para atendimento de seus funcionários em diversas frentes, dentre elas, atendimento de Serviço Social por telefone. Nathalia, mestranda em Serviço Social, falou de sua experiência como assistente social nesses programas destacando o caráter individualizante, as contradições entre o que as empresas dizem oferecer e o que efetivamente oferecem ressaltando, inclusive que nem sempre a contratação desses serviços representa diminuição de custos para as empresas que contratam.

    Durante o Seminário houve um interrupção de energia elétrica no auditório de cerca de dez minutos. Mas, mesmo assim, tamanho o interesse do tema, o Seminário não foi interrompido e, nenhuma pessoa se ausentou do auditório. Logo depois de volta da energia os debates seguiram intensos, contando com as contribuições de Jefferson Lee que, partindo da análise de conjuntura e do Serviço Social, articulada com os elementos trazidos pelas palestrantes, trouxe elementos bastante provocativos para o futuro da profissão e não apenas no campo da empresa.

    Seguramente antes do quarto seminário, em 2015, o tema Serviço Social em empresa deve voltar muito mais vezes à pauta da categoria e o espaço da Comissão tem sido fórum privilegiado para isso.

Avaliação: O debate foi muito qualificado e saímos mais uma vez com a convicção da atualidade e relevância das discussões sobre o exercício profissional em empresa. As falas dos palestrantes instigaram o público presente a pensar o exercício profissional nesse campo e em outros, hoje e no futuro, para a continuidade do trabalho na Comissão e para continuar pautando a academia e as entidades da categoria em nível nacional para esse debate.

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