8 de março, Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher é fruto do processo de luta das mulheres trabalhadoras por melhores condições de trabalho. Poucas são as datas comemorativas que têm a importância e o significado como o dia de hoje. Sua origem remonta ao século XIX quando centenas de mulheres lideraram greves em todo o mundo, denunciando as péssimas condições de trabalho nas fábricas, com jornadas diárias extensas (cerca de 15 horas), sem direitos democráticos e trabalhistas e com salários inferiores aos dos homens nas mesmas funções.

É um dia que vai para além da sua celebração, uma vez que reafirma os direitos conquistados pelas mulheres no horizonte de vitórias coletivas. Mesmo com o avanço da Lei Maria da Penha, nos últimos 10 anos houve um crescimento do feminicídio. No Brasil, a cada duas horas uma mulher é assassinada, o que significa que a cada 100 mil pessoas do sexo feminino, há 4,3 mortes. O Brasil é o 7º país mais violento com as mulheres, de um total de 83 países, de acordo com o último relatório da Organização Mundial de Saúde. Tem-se muito ainda a avançar!

As especificidades do capitalismo brasileiro, que contou com fortes contribuições do racismo estrutural e do patriarcado, asseguraram em nosso país um grande atraso civilizacional e uma enorme desigualdade social vivida pelas mulheres, sobretudo pelas mulheres negras que ganham menos da metade do salário dos homens brancos nas mesmas condições de trabalho em algumas regiões brasileiras, conforme menciona o Instituto da Mulher Negra Geledés, citando uma pesquisa realizada pelo IPEA.

Pelo golpe, implementam o programa de governo derrotado pelo voto direto e reproduzem as piores práticas do machismo, do patriarcalismo e do racismo, de forma institucionalizada. Os cortes de gastos realizados aprofundaram a crise econômica e agravaram o desemprego, aumentando a pobreza e exacerbando a questão social. O receituário neoliberal do corte de gastos incide nos mais pobres, sobretudo sobre as mulheres e sobre a população negra.

Não podemos esquecer que mesmo entre as mulheres, são as negras, as transexuais e as travestis que mais sofrem com a violência doméstica e urbana, com a falta de emprego, com a subalternização dos postos de trabalhos, a inviabilização de suas pautas, etc. Ao passo que estudam mais e têm maior nível de instrução, as mulheres acabam se inserindo no mercado de trabalho em áreas que pagam menores salários ou ocupando postos de trabalho com menor remuneração. Além disso, são elas as que têm dupla ou até tripla jornada de trabalho, pois são responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado e educação dos filhos – atribuições impostas às mulheres pela sociedade machista! Entre 1995 e 2015, de acordo com a pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça” do PNAD, o número de mulheres que passam a ser a pessoa de referência na família sobre de 23% para 40%.

Para nós, Assistentes Sociais, as desigualdades, o racismo e todas as formas de violência contra as mulheres nos impõem várias determinações em nosso exercício profissional. Desafios para uma profissão majoritariamente composta por mulheres, que ao atuar sobre as consequências oriundas das contradições entre o capital e o trabalho, se alia ao projeto que luta pela eliminação de todas as formas de discriminação, pelo fim do patriarcado e do racismo estrutural. Tudo isso, na atual conjuntura de supressão de direitos e diminuição do Estado promovido pelo governo Temer, em conjunto com o Congresso Nacional mais conservador desde o fim da ditadura militar, cuja participação feminina, inclusive, é inferior a 10%.

A luta das mulheres, das mulheres negras, das mulheres transexuais e travestis, enfim, das mulheres da classe trabalhadora, deve ser a luta de todas! Avançar na consolidação da democracia e no aprofundamento das políticas para todas nós mulheres é tarefa das Assistentes Sociais! Parafraseando Angela Davis, dizemos então que “(…) quando mulheres [negras, transexuais e travestis] se movimentam, toda a estrutura da sociedade se movimenta com elas”.

Hoje é dia de luta, e também de comemoração! Não temos tempo de temer!