Delegação do Rio de Janeiro, composta por quase 30 pessoas, participou das atividades e avaliou o encontro como muito proveitoso; esse ano, Descentralizado Sudeste ocorreu em Vila Velha, no Espírito Santo, entre os dias 25 e 27 de julho.
Com o tema “Na defesa da democracia: nossas bandeiras pulsam liberdade”, o 52º Encontro Descentralizado da Região Sudeste, realizado entre 25 e 27 de julho de 2025, aconteceu em Vila Velha, no Espírito Santo. O evento reuniu delegações dos Conselhos Regionais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, do Espírito Santo (estado sediador do Encontro) e, também, representantes do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS); e da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO).
O Encontro desse ano teve como objetivo realizar a etapa de avaliação das deliberações do triênio 2023/2026.
Eleitas em assembleias, as delegações foram compostas por representantes de entidades, trabalhadoras e trabalhadores dos CRESS e assistentes sociais da base. A delegação do Rio de Janeiro (pessoas eleitas como delegadas e também como observadoras, além de convidadas com destaque para profissionais de base que compõem debates e comissões precípuas e trabalhadoras do CRESS, como assessorias e agentes fiscais), composta por quase 30 pessoas, participou das atividades e avaliou o encontro como muito proveitoso.
Antes, porém, no dia 24 de julho, foram realizados os Fóruns Regionais das COFIS (Comissão de Orientação e Fiscalização) e das CPE’s (Comissão Permanente de Ética (CPE), que aconteceram na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Parte da delegação do CRESS-RJ chegou já para os debates dos Fóruns. Após a mesa de abertura, de manhã cedo, aconteceu a mesa principal que tinha como tema “Transformações no mundo do trabalho, Serviço Social autônomo e os desafios na garantia da Ética profissional”, com as palestrantes Juliana Melim e Mônica Lanes. Ao longo da tarde, sucederam, então, os debates do Fórum da Cofi e do Fórum da CPE.
O Descentralizado
A quinta-feira, 25 de julho, foi o primeiro dia oficial do 52º Encontro Decentralizado da Região Sudeste.
Logo após o credenciamento, aconteceu a atividade cultural de abertura, que foi feita pelo pessoal do Slam Identidade, grupo de artistas local que faz música e poesia com muita crítica social, inteligência, arte e beleza.
Em seguida, tivemos a mesa de abertura, que contou com representantes dos CRESS da Região Sudeste, do CFESS, da ABEPSS e da ENESSO. Como o primeiro dia de evento caiu justamente num 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e, também, Dia Nacional de Tereza de Benguela, todas e todos fizeram questão de mencionar o importante dia de luta.
Márcia Nogueira, presidenta do CRESS-RJ foi uma das representantes que compuseram a mesa de abertura. Em sua fala, frisou a importância do coletivo na gestão do triênio que em breve se encerra, nas gestões que virão e na vida, de um modo geral.
Já o debate da mesa principal, que teve como tema “Na defesa da democracia: nossas bandeiras pulsam liberdade no Sudeste”, contou com a participação de Daniela Neves de Sousa, assistente social, professora doutora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Suellen Cruz, assistente social graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo, doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestra em Política Social pela Universidade Federal do Espírito Santo e assessora especial da Secretaria de Estado de Direitos Humanos.
Ambas fizeram um bom panorama sobre a conjuntura brasileira, perpassando pelo conceito de democracia e explicitando o racismo estrutural e seus impactos na vida de toda a sociedade e da profissão de assistente social.
Aprovação do Regimento Interno
Após uma rápida pausa para o almoço, os trabalhos do Encontro foram retomados com o momento da Plenária, que fez a leitura e aprovação do Regimento Interno, além da apresentação da metodologia de trabalho do Encontro Descentralizado Sudeste. Em seguida, os grupos se dividiram para acompanhar as discussões por Eixos.
No primeiro dia de Descentralizado, foram feitas discussões de dois Eixos distintos:
Eixo 1: Administrativo Financeiro e Eixo 2: Ética e Direitos Humanos.
Ao final, nossa delegação se reuniu na frente do hotel para informes gerais e uma rápida avaliação de como foi o primeiro dia.
Ao longo do segundo dia do 52º Encontro Descentralizado da Região Sudeste, as delegações seguiram divididas em auditórios discutindo outros temas:
Eixo 03: Orientação e Fiscalização + Eixo 04: Seguridade Social, que aconteceram de manhã;
Eixo 5: Relações Internacionais e Trabalho e Formação Profissional + Eixo 6: Comunicação, que aconteceram à tarde.
Já no terceiro e último dia de Encontro, tivemos as atividades da Plenária Final, a leitura da Carta de Vila Velha (construída e lida coletivamente por todos os CRESS da Região Sudeste) e as falas emocionadas da mesa de encerramento, com exibição de vídeos institucionais de cada CRESS da Regional Sudeste. Antes das atividades do Descentralizado, um momento de confraternização: teve parabéns e bolo surpresa para quatro integrantes da nossa delegação, que fizeram aniversário em junho/julho: Anália Santos; Sara Oliveira; Janaína Bilate e Mônica Arkader.
A delegação CRESS-RJ seguiu atuante durante todo o evento. Participamos das coordenações dos Eixos ADM-FIN, com Luciane Amaral; Eixo Seguridade, com Alessandra Celita; Eixo Formação/Relações Internacionais, com Janaína Bilate e Eixo de Comunicação, com Ana Paula Cardoso. Além disso, tivemos representantes fazendo falas e considerações importantes na síntese dos seguintes eixos:
Luciane Amaral e Marcella Azevedo fazendo síntese do Eixo ADM-FIN;
Bárbara Santos e Sarah Fontenelle fazendo síntese do Eixo Ética;
Cristiane Lourenço e Edna Rangel fazendo síntese do Eixo Seguridade;
Janaína Bilate e Bárbara Santos fazendo síntese do Eixo Formação/RI;
Renata Freitas, Rakina Frez e Liliane Brotto fazendo síntese do Eixo Orientação e Fiscalização;
Renata Freitas e Ana Paula Cardoso fazendo síntese do Eixo Comunicação.
Tivemos ainda, diversas representantes atuando na construção coletiva da Carta de Vilha Velha, que foi linda no terceiro e último dia de Descentralizado.
Experiência positiva, disseram as/os participantes
A presidenta do CRESS-RJ, Márcia Nogueira, lembrou que esse foi o último encontro do Triênio 2023-2026 feito pelo Sudeste e que ele se propunha a ser um encontro que tem uma característica muito específica, que é a de ser um encontro de formação de consensos, de identificação de particularidade de cada regional:
“Não é deliberativo, então a nossa intenção é sempre tentar encontrar ali questões que são possíveis de levarmos para o Nacional, para a deliberação. Esse ano, como último ano do Triênio, a gente tem um desafio que me lembra muito aquele adinkra africano, que é o Sankofa, que é essa capacidade de a gente olhar para o passado, para entender o futuro, planejar o futuro e, na verdade, criar táticas coletivas para enfrentamento dos desafios futuros. E esse, eu acho, foi um exercício que o Sudeste tentou fazer, dessa vez, com muita tranquilidade, com muita calma, de identificar o que esse Triênio trouxe para a gente, de questões com relação a todos os eixos que a gente discutiu, eixos que a gente discute dentro da agenda do Conjunto CEFESS-CRESS, e sinalizar alguns elementos que podem contribuir para os desafios que as próximas gestões vão ter que enfrentar. Acho que foi também uma tônica desse encontro a preocupação com a condução no mesmo viés político, ético-político que a gente tem no Serviço Social brasileiro, hoje, orientado pelo nosso projeto ético, político e profissional, e como que a gente vai conseguir formar novas gestões com essa mesma direção”.
Cida Evangelista, conselheira e 2ª tesoureira do CRESS-RJ, disse que a metodologia adotada pelo 52º Descentralizado da Região Sudeste propiciou objetividade e garantiu uma síntese com qualidade: “Em muitos e muitos anos, observo que nesse Encontro pudemos presenciar uma posição da região Sudeste para o encontro Nacional, o que demonstra o esforço de construção e de vivência do coletivo. Enfim, tivemos debates respeitosos entre os CRESS participantes e conselheiras do CFESS.”
Marcella Azevedo, conselheira e 2ª secretária do CRESS-RJ, que participou da elaboração da Carta e do Eixo Adm-Fin, reafirmou o 52º Encontro Descentralizado como um momento importantíssimo da etapa de avaliação das ações planejadas no conjunto CFESS/CRESS: “Destaco as discussões realizadas no eixo administrativo financeiro e a centralidade de ações permanentes voltadas para a gestão do trabalho, planejamento e adimplência, tão essencial para efetivação de atividades do conjunto CFESS-CRESS.” Sobre a Carta, disse: “A construção coletiva da Carta reafirma a defesa das bandeiras de luta da profissão, que pulsam liberdade, e convoca toda a categoria, movimentos sociais e sociedade para coletivizarem as lutas por justiça ambiental e social.”
Quem foi pela primeira vez ao Encontro também avaliou como bastante positiva a experiência.
Rosane Fratane comentou: “Participar, pela primeira vez, do 52º Encontro Descentralizado da Região Sudeste (2025) foi uma das experiências mais potentes para compreender, de forma concreta, as principais questões que estão em pauta no Conjunto CFESS-CRESS. Estar nesse espaço permitiu vivenciar, na prática, aquilo que tantas vezes discutimos na teoria: a importância da articulação política da categoria, da defesa do projeto ético-político do Serviço Social e do compromisso com os direitos da classe trabalhadora. Entre os desafios e estratégias debatidos, destacou-se a necessidade de articulação com as lutas sociais mais amplas, como mediação fundamental da intervenção profissional voltada à construção do projeto de emancipação humana. O encontro cumpriu um duplo papel: espaço de avaliação crítica das ações em curso e, simultaneamente, de formulação de estratégias que nos impulsionem rumo ao horizonte ético e político que orienta o Serviço Social brasileiro. Enquanto profissional de base e integrante da Comissão de Instrução de Processos Éticos, participar desse espaço foi também um exercício valioso de escuta, análise diante dos desafios concretos que atravessam o exercício profissional. A partir dessa vivência, reforço a centralidade da coletividade e da ética como fundamentos inegociáveis. Mais do que um evento, o Fórum se constituiu como um espaço de fortalecimento profissional, de escuta, acolhimento e provocação crítica. Saio dessa experiência com mais fôlego para seguir na luta, convicta de que é na coletividade que construímos os caminhos possíveis para um Serviço Social comprometido com a emancipação humana.”
Alec Oliveira, da Seccional Norte Fluminense, assistente social, ativista e pesquisador de Saúde e de Gênero disse que aprendeu muito e adorou a experiência: “Foi minha primeira vez no Descentralizado e posso dizer que consegui aprender muita coisa. Aprendi mais sobre o funcionamento do conjunto CFESS-CRESS, as diferenciações políticas de cada região do Sudeste e pude conhecer as pessoas que estão nessa construção. Foi bem positiva a experiência de ter participado desse meu primeiro Descentralizado.”
Durante o encontro, Alec também destacou a importância de revisarmos, enquanto categoria profissional, as notas técnicas produzidas pelo conjunto, sinalizando a necessidade de incluir explicitamente pessoas transmasculinas e não binárias com capacidade de gestar nos documentos que orientam o exercício profissional. Em sua intervenção no eixo de Orientação e Fiscalização, defendeu o aprimoramento da nota técnica “A importância ética do trabalho de assistentes sociais nas diferentes políticas públicas para garantia do direito à vida das mulheres e para materialização do aborto legal”, para que contemple as especificidades de gênero de forma mais inclusiva e alinhada com os princípios da equidade. ““Esse espaço também foi muito importante para trocar com outras pessoas trans que também atuam como assistentes sociais, fortalecendo o sentimento de pertencimento e a luta coletiva por uma profissão mais diversa, ética e comprometida com os direitos humanos”, completou Alec.
Edna Rangel também disse que gostou muito: “Gostei muito da experiência. Pra mim, foi muito, muito rica essa oportunidade de conhecer melhor como tudo acontece, funciona, se debate. É um trabalho coletivo enorme e muito respeitoso, com deliberações e trocas mil. E é como sempre digo: quem faz o Conselho somos nós. Por isso, sabermos como tudo funciona e ser uma multiplicadora desse funcionamento, dessas informações é muito bom.”
E, Jessica Oliveira, conselheira e 5ª suplente do CRESS-RJ, disse: “Nunca tinha ido ao Encontro Descentralizado. Ali, pude ver a força da nossa categoria, a nossa união mesmo, enquanto categoria profissional. Foi simplesmente lindo, e eu não tinha noção da dimensão que é esse encontro. Ele reforçou tudo que eu tenho vivenciado na gestão do CRESS-RJ. Reforçou, também, a certeza de que nós somos um conjunto que preza pela democracia sempre e em todos os aspectos. Enfim, foi uma experiência fantástica! Deu pra ver realmente a democracia acontecendo, a união também, o respeito entre os participantes, a questão de dar voz também ao outro, a gente ouvir outras realidades. Todo profissional, todo assistente social deveria vivenciar essa experiência, ou como conselheiro, ou como base. Agora, estou, numa super expectativa pro Encontro Nacional, também.”
Quem quiser ver/acompanhar como foi o primeiro dia do 52º Encontro Decentralizado da Região Sudeste, ele está disponível no YouTube do CRESS-ES, sediador do evento. Para assistir, clique AQUI.
Agora, os Regionais todos já se preparam para a próxima etapa, que será o 52º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, a ser realizado de 4 a 7 de setembro, em Campo Grande (MS).
Até lá!!!
Veja as fotos: