Moção de repúdio aos diretores da Associação de Funcionários do INCA por criminalizarem ativistas de base

Desde 26 de fevereiro de 2014 os servidores do Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro (INCa) estão em luta contra a privatização do órgão, pela jornada de 30h semanais e por melhores relações no trabalho. Processo o qual a direção da Associação de Funcionários do INCa (AFINCa) não constrói, ao contrário, combate e busca desmoralizar os servidores da base publicamente, se colocando contra os interesses de quem deveria representá-los, e mais, assumindo o papel de braço do governo e da direção.

Em meio ao processo de mobilização, inúmeras denúncias sobre arbitrariedades no Instituto e na própria gestão da AFINCa vieram à tona. Entre elas, que diretores da Associação teriam sido favorecidos pela direção do Instituto na distribuição de vagas para a creche, passando por cima de critérios antes acordados.
Coincidentemente, depois que as denúncias de favorecimento em relação à creche emergiram, diretores da entidade utilizaram uma postagem em rede social para acionar na Justiça (civil e criminal) a servidora do INCa, associada da AFINCa e ativista de base, Tatianny Araújo, que organizava essa mobilização de questionamento. Vale ressaltar que a referida publicação em rede social com a qual se sentiram ofendidos havia sido publicada mais de um mês antes da denúncia na delegacia.

Não satisfeitos em criminalizar o ativismo com processos na justiça burguesa, em detrimento do debate nos fóruns do movimento, onde devem ser discutidas as diferenças políticas, tais diretores ainda exigem da ativista a reparação, de natureza monetária, equivalente a 40 salários mínimos para cada ação. Como atualmente são quatro ações, esse montante chega a mais de R$ 115 mil.

É inadmissível que em meio ao processo de lutas da classe trabalhadora que se intensifica no país e com as iniciativas de criminalização dos movimentos sociais promovidas pelos governos e pela burguesia, diretores de uma entidade que deveria representar os trabalhadores do INCA assumam o papel de algozes dos mesmos.

Deste modo, o CRESS-RJ expressa repúdio a qualquer ação de criminalização de militantes do INCa, exige dos diretores da Associação de Funcionários do INCa (AFINCa) a retirada das ações na justiça e presta toda a solidariedade à referida ativista, pois lutar não é crime!