Entidade diz que legalização do aborto comprometerá contas da Previdência

Discussão sobre interrupção da gravidez dividiu opiniões. Defensores afirmaram que mulher tem direito de decidir sobre o próprio corpo

Mais uma audiência sobre a legalização do aborto até a 12ª semana de gravidez dividiu as opiniões da plateia e da mesa de debatedores ontem na Comissão de Direitos Humanos (CDH). Os que são contrários apontam uma manipulação de entidades estrangeiras pela redução populacional, minimizam o número de mulheres mortas em decorrência de abortos inseguros e apontam futuros prejuízos previdenciários caso o aborto seja legalizado. Os defensores, por sua vez, citam o direito de as mulheres decidirem sobre o próprio corpo e serem acolhidas pelo sistema de saúde e argumentam que é preciso regularizar uma prática corriqueira que segue clandestina há anos.

Houve torcida pró e contra, com faixas e palavras de ordem. O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) considerou constrangedor alguém defender o aborto e o colega Jean Wyllys (PSOL-RJ) acusou a sociedade masculina de tutelar e legislar sobre o corpo das mulheres. O padre Paulo Ricardo denunciou instituições, como a Fundação Ford, que estariam manipulando estudiosos brasileiros como forma de impor ao país uma diminuição do ritmo de crescimento populacional.

Segundo o padre, documentos da própria Ford dizem, com clareza, que a preocupação com o crescimento populacional fez a entidade investir na liberação do aborto no Hemisfério Norte nas décadas de 50 e 60. Mas agora, de acordo com o religioso, essas instituições concluíram que não se deve investir na questão médica, mas sim na sociológica, para mudar o comportamento dos cidadãos, de forma a empreender uma verdadeira “engenharia social”. — Basta ler os relatórios das fundações internacionais. Não estou citando catecismo, Bíblia. Estou citando documentos públicos e notórios. E não me venham com esse nhem-nhem -nhem de Estado laico porque isso é maracutaia — disse.

Para Viviane Petinelli, do Instituto de Políticas Governamentais do Brasil, o aborto não trará impactos positivos para a sociedade, pois levará a mais gastos do sistema de saúde. Além disso, as mulheres que hoje abortam, as jovens, serão as maiores prejudicadas, já que haverá uma redução da taxa de natalidade e uma consequente diminuição da força de trabalho ativa que sustentará a Previdência Social no futuro, quando chegar a hora de elas usufruírem os benefícios. — O que deve ser trabalhado é a gravidez indesejada, que é a causa, e não o aborto, que é a consequência — frisou.

Para ler mais, acesse o pdf no link : http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2015/08/07/jornal.pdf/view